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Pernas doloridas e inchadas: o que pode ser?

Imagem de uma mulher agachada levando as mãos em direção à panturrilha, devido a dores e inchaço nas pernas.

Sensação de peso, dor e inchaço nas pernas são queixas muito comuns, especialmente entre mulheres. Após um dia cansativo ou longos períodos em pé, é comum que as pernas fiquem mais pesadas. No entanto, quando esses sintomas se tornam frequentes ou com muita intensidade, podem indicar algo além do que um simples cansaço.

Identificar a causa exata é essencial para escolher o tratamento correto e evitar complicações. Isso porque, embora o inchaço e a dor nas pernas pareçam inofensivos, eles podem estar relacionados a diferentes condições médicas — algumas simples, outras mais complexas.

Neste artigo, você vai entender as principais causas de pernas doloridas e inchadas e conhecer o lipedema, uma doença ainda pouco conhecida, mas que merece atenção por afetar a saúde, a mobilidade e a autoestima de muitas mulheres.

Quando o inchaço e a dor nas pernas merecem atenção médica

É comum sentir as pernas cansadas após um dia intenso, mas quando a dor e o inchaço são muito frequentes, pioram ao longo do tempo ou surgem mesmo em repouso, é importante procurar um médico. Esses sintomas podem indicar alterações na circulação, retenção de líquidos ou doenças específicas que comprometem o bem-estar e a qualidade de vida.

Alguns sinais de alerta merecem atenção: dor desproporcional ao esforço, inchaço persistente em apenas uma perna, sensação de queimação, manchas arroxeadas ou dificuldade para calçar sapatos ao final do dia. Nesses casos, o ideal é buscar avaliação profissional o quanto antes.

A consulta médica permite investigar a causa exata do problema, descartar doenças mais graves e indicar o tratamento adequado para aliviar o desconforto e prevenir complicações futuras.

Principais causas de pernas doloridas e inchadas

Vários fatores podem provocar esses sintomas, desde hábitos de vida até alterações hormonais ou doenças vasculares. Conheça os mais comuns.

  • Má circulação e insuficiência venosa (VARIZES): ocorre quando o sangue tem dificuldade de retornar das pernas para o coração, provocando inchaço, dor e sensação de peso.
  • Retenção de líquidos: Insuficiência Cardíaca, problemas renais ou hepáticos. São doenças mais graves e normalmente associadas a outras alterações de saúde.  
  • Linfedema: Déficit na drenagem linfática. Normalmente por uma interrupção nas vias linfáticas. Normalmente acometem só uma das pernas, levando ao edema assimétrico dos membros.
  • Lipedema: condição crônica e subdiagnosticada que causa acúmulo anormal de gordura nos membros inferiores ou superiores, que causam dor, sensibilidade ao toque ou sensação de peso especialmente nos membros inferiores.

O que é o lipedema

O lipedema é uma doença caracterizada pelo acúmulo desproporcional e doloroso de gordura nas pernas, coxas, quadris e, em alguns casos, nos braços. Diferente da obesidade, esse acúmulo ocorre principalmente nos membros e não responde da mesma maneira que a gordura do tronco ao emagrecimento com dietas ou exercícios físicos. 

A condição afeta quase exclusivamente mulheres e está relacionada a fatores hormonais e genéticos. Costuma surgir ou se agravar em fases de mudança hormonal, como puberdade, gestação, tratamentos para engravidar e menopausa.

Essa gordura apresenta uma característica de inflamação crônica subclínica acarretando em edema (inchaço), fragilidade capilar (roxos frequentes), sensação de peso nas pernas e maior sensibilidade ao toque. As pacientes também frequentemente apresentam frouxidão ligamentar nas articulações.

Por ser pouco conhecida, o lipedema é frequentemente confundido com sobrepeso ou biotipo, o que muitas vezes atrasa o diagnóstico.

Sintomas e sinais característicos do lipedema

Entre os principais sintomas estão a sensibilidade ao toque, sensação de peso, às vezes dor/queimação espontaneamente e tendência a hematomas mesmo com pequenos impactos. O aspecto das pernas também chama atenção: elas ficam visualmente mais volumosas, enquanto pés e mãos permanecem magros.

Com o avanço da doença, o desconforto pode limitar atividades cotidianas e comprometer a mobilidade. Muitas mulheres relatam também uma sensação de “injustiça corporal”, já que a gordura do lipedema não responde às medidas convencionais de emagrecimento.

Além do impacto físico, o lipedema normalmente acomete a autoestima e a saúde emocional, reforçando a importância de um diagnóstico preciso e de uma abordagem terapêutica sensível e individualizada.

Além dos sintomas, o lipedema também é classificado de duas formas principais, classificação por estágio (ou grau) e classificação por tipo (áreas acometidas).

A classificação por estágio refere-se à evolução da textura da pele, do tecido adiposo e da presença de fibrose.

  • Estágio 1: pele lisa, porém aumento de volume e acúmulo de gordura dolorosa.
  • Estágio 2: surgem irregularidades e nódulos perceptíveis ao toque, com aspecto de “casca de laranja”.
  • Estágio 3: maior acúmulo de gordura, com dobras e deformidades mais visíveis nos membros.
  • Estágio 4 (lipo-linfedema): quando o lipedema evolui para linfedema associado.

Essa classificação ajuda a avaliar gravidade, progressão e impacto funcional.

Já a classificação por tipo determina onde o acúmulo característico de gordura se manifesta:

  • Tipo I: quadris e nádegas.
  • Tipo II: coxas, até próximos aos joelhos.
  • Tipo III: coxas e pernas até os tornozelos.
  • Tipo IV: braços.
  • Tipo V: apenas panturrilhas.

Cada tipo pode aparecer sozinho ou combinado, dependendo da predisposição genética e hormonal da paciente.

Como diferenciar lipedema, linfedema e obesidade?

Embora todos possam causar aumento de volume nos membros, dor ou desconforto, lipedema, linfedema e obesidade são condições diferentes, e saber distingui-las é fundamental para um diagnóstico correto.

Lipedema

  • Acomete quase exclusivamente mulheres.
  • Aumento desproporcional de gordura nos membros (principalmente pernas e, às vezes, braços).
  • Pés e mãos permanecem finos, mesmo quando as pernas são volumosas.
  • Dor ao toque, sensação de peso e hematomas frequentes.
  • Não melhora com dieta ou exercícios.
  • Pode haver sensibilidade e queimação.

Linfedema

  • É um problema do sistema linfático.
  • Geralmente atinge apenas um membro (assimétrico).
  • O inchaço tende a piorar ao longo do dia e melhorar com repouso.
  • Pés ou mãos também ficam inchados.
  • Pele pode ficar mais rígida ao longo do tempo.
  • Pode surgir após cirurgias, infecções, traumas ou ser congênito.

Obesidade

  • Ganho de gordura ocorre de forma mais homogênea pelo corpo.
  • Reduz com alimentação adequada, exercícios e mudança de estilo de vida.
    Não causa dor ao toque ou hematomas espontâneos.
  • Não há desproporção marcada entre tronco e membros.

Como é feito o diagnóstico do lipedema

O diagnóstico é essencialmente clínico e deve ser feito por um especialista experiente em lipedema, geralmente um cirurgião plástico, cirurgião vascular ou endocrinologista. Durante a consulta, o médico avalia o histórico do paciente, a distribuição da gordura corporal, a presença de dor e outros sinais e sintomas associados.

Exames complementares, como ultrassonografia ou ressonância magnética, doppler de membros inferiores, linfocintilografia, podem ser solicitados para descartar outras condições, como linfedema ou insuficiência venosa. Essa diferenciação é fundamental para definir o tratamento mais eficaz. A densitometria de corpo inteiro também ajuda a evidenciar o acúmulo desproporcional de gordura nos membros.

Tratamentos para lipedema

O tratamento do lipedema pode ser clínico e associado ao cirúrgico, dependendo do estágio da doença e do impacto dos sintomas na vida da paciente. O objetivo é aliviar a dor, reduzir o inchaço e melhorar a mobilidade e o contorno corporal.

Cuidados clínicos

O tratamento conservador envolve uma série de medidas que ajudam a controlar a inflamação, melhorar os sintomas e evitar a progressão da doença. Entre elas estão a alimentação equilibrada inflamatória, prática regular de exercícios de baixo impacto, controle do peso, drenagem linfática manual, meias compressivas.

Além disso, o acompanhamento multidisciplinar — com nutricionista, fisioterapeuta e médico — é essencial para um cuidado completo e eficaz.

Essas medidas não eliminam o tecido adiposo do lipedema, mas são importantes para melhorar a qualidade de vida e preparar o corpo para eventuais abordagens cirúrgicas.

O lipedema sempre evolui?

O lipedema é uma doença crônica, mas a evolução não é igual para todas as pacientes. Em muitas mulheres, os sintomas progridem lentamente ao longo dos anos; em outras, a doença pode permanecer estável por longos períodos, especialmente quando há cuidados adequados.

O que mais influencia a evolução são fatores hormonais, genéticos e de estilo de vida. Momentos como puberdade, gestação, tratamentos hormonais e menopausa podem intensificar os sintomas. Já hábitos saudáveis, controle do peso, atividade física regular e acompanhamento especializado ajudam a reduzir a inflamação, controlar o edema e retardar a progressão.

Cirurgia de lipedema

Nos casos em que os sintomas são intensos e o tratamento conservador não é suficiente, a cirurgia pode ser indicada. O procedimento consiste na remoção cuidadosa da gordura doente por meio de técnicas específicas de lipoaspiração adaptadas ao lipedema.

Essa intervenção requer conhecimento técnico avançado e deve ser realizada apenas por cirurgiões plásticos especializados na doença. Quando bem indicada, pode proporcionar alívio significativo da dor, melhora estética e ganho de mobilidade.

A recuperação envolve acompanhamento médico contínuo, fisioterapia, uso de meias compressivas e cuidados com o estilo de vida para garantir resultados duradouros.

Prevenção e cuidados para manter as pernas saudáveis

Mesmo quando não há diagnóstico de lipedema ou se tem um estágio bem inicial, cuidar das pernas é fundamental, para prevenir a evolução da doença, evitar desconfortos e promover bem-estar. Manter uma rotina de atividade física diária, evitar longos períodos sentada ou em pé, e priorizar uma alimentação rica em nutrientes e evitar alimentos inflamatórios (glúten, açúcar e álcool) são atitudes que fazem a diferença.

A hidratação adequada e o controle do peso corporal também ajudam a preservar a circulação e reduzir o inchaço. 

Além disso, é importante dar atenção à qualidade do sono e à gestão do estresse, fatores que influenciam diretamente na sua saúde como um todo.

Adotar esses hábitos contribui não apenas para o alívio de sintomas, mas também para uma vida mais ativa, saudável e equilibrada.

Cuide da sua saúde com acompanhamento especializado

Pernas doloridas e inchadas não devem ser ignoradas, especialmente quando os sintomas persistem ou impactam sua rotina. A avaliação com um especialista em lipedema é essencial para identificar a causa e indicar o melhor tratamento.

A Dr.ᵃ Juliana Reis, membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e diretora médica do Instituto Lipedema Brasil – Unidade Ibirapuera, é referência no diagnóstico e tratamento cirúrgico do lipedema. Sua abordagem une técnica, segurança e acolhimento, com foco no bem-estar integral da paciente.

Agende sua consulta e descubra como cuidar da sua saúde e da sua autoestima com quem entende profundamente do assunto.

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